Alfinete
(Delman Ferreira) Alfinete não era um simples jogador. Chamá-lo de artista também não dava a dimensão de sua capacidade de enlear e atordoar os adversários, encantar a torcida, mesmo os contrários, ou fazer jogadas desafiando a ciência. Meio-campista refinado, cerebral, elegante, cabeça erguida, peito aberto, olhos antevendo o pensamento do adversário. A bola, acariciada, compreendia e cumpria seus comandos com prazer e fervor. — Alfinete, quantas vezes já te disse, corre, penetra pela direita! — Técnicos desesperados perdiam a voz tentando fazê-lo correr atrás da bola. — Mas, Professor, quem precisa correr é a bola e ela vai onde eu quero. Passes curtos e rápidos. Ou cruzamentos longos, através de campos e tempos. Sabia onde estariam os colegas, antecipava, colocava a bola como um míssil, no ponto exato para o companheiro explodir rumo ao gol. — Então, se era tão bom, onde foi parar? Porque nunca se ouviu falar dele? — Ah! Temos aí mais uma das tantas histórias de profecias atro...